
DISCURSO DO CABEÇA DE LISTA DA RENAMO ALUSIVO AO DIA 4 DE OUTUBRO – DIA DA PAZ
Caros munícipes de Quelimane,
Hoje, reunimo-nos neste dia 4 de Outubro, uma data que nos faz reflectir profundamente sobre o estado de nossa nação, Moçambique. Pergunto a todos vocês, nesta terra que amamos e chamamos de pátria, se realmente estamos em paz? Aparentemente, vivemos em uma nação onde a paz é um ideal distante, onde vozes incómodas ao regime são silenciadas pela violência e pela morte.
É doloroso e angustiante lembrar dos inúmeros jornalistas, juízes, procuradores, políticos e cidadãos que foram assassinados por ousarem falar a verdade, por ousarem defender ideias diferentes, por ousarem desafiar a corrupção e a má governação no nosso país.
Mahamudo Amurane, um corajoso defensor da transparência e da boa governação, perdeu a vida nesta mesma data, 4 de Outubro, em Nampula. Ele lutou incansavelmente contra a corrupção durante o seu mandato como edil de Nampula, e sua morte é uma lembrança amarga de que a coragem tem um preço elevado em Moçambique.
Jeremias Pondeca, um membro respeitado da Renamo e um defensor do diálogo, também foi vítima da violência em 2016. Sua morte é uma ferida que nunca cicatrizará completamente nos nossos corações.
Manuel Bisopo, ex-secretário geral da Renamo, escapou da morte por pouco depois de denunciar o rapto e assassinato de membros de nosso partido. Ele sobreviveu, mas a sua experiência serve como um lembrete sombrio das ameaças que pairam sobre aqueles que se atrevem a questionar o status quo.
José Manuel, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, também foi assassinado, assim como Marcelino Vínculos, um procurador da república que investigava os tentáculos dos raptos em Maputo.
Gilles Cistac, um académico que defendeu a descentralização em Moçambique, foi morto em 2015. Sua visão e coragem ajudaram a moldar o nosso país, mas ele não viveu para ver suas ideias se concretizarem plenamente.
O juiz Diniz Silica também tombou vítima da violência, enquanto investigava raptos em Maputo. E Siba Siba Macuacua, um economista dedicado do Banco de Moçambique, foi atirado de um edifício quando investigava casos de corrupção. Seu compromisso com a justiça e a transparência custou-lhe a vida.
Carlos Cardoso, um ícone do jornalismo independente em Moçambique, foi assassinado em 2000 enquanto investigava uma fraude bancária. Ele personificou a busca por uma imprensa livre e corajosa em Moçambique.
Neste dia, devemos nos perguntar qual é o estado ideal das coisas em Moçambique. Uma sociedade civilizada no século 21 valoriza a diversidade de ideias e opiniões. Deve permitir que vozes discordantes se expressem livremente, sem medo de retaliação ou violência. Deve promover o respeito pelas instituições democráticas, pelo Estado de Direito e pela justiça. E deve garantir a segurança de todos os seus cidadãos, protegendo as suas vidas e liberdades.
É responsabilidade do governo assegurar que esses princípios sejam respeitados e protegidos. O governo deve trabalhar para acabar com a cultura de impunidade que permite que assassinos e agressores escapem da justiça. Deve fortalecer as instituições democráticas e promover o diálogo e a reconciliação nacional.
Nós, como cidadãos, também temos um papel a desempenhar. Devemos continuar a levantar as nossas vozes contra a violência e a injustiça. Devemos exigir responsabilidade e transparência de nossos líderes e instituições. Devemos construir uma sociedade onde a paz seja verdadeira e duradoura, onde a diversidade de ideias seja celebrada e onde a justiça prevaleça.
Hoje, enquanto lembramos aqueles que perderam a vida em busca de um Moçambique melhor, comprometemo-nos a continuar a lutar por um país onde a paz seja mais do que uma palavra vazia, onde a verdade seja protegida, onde as vozes discordantes sejam ouvidas e onde a justiça prevaleça. É nossa responsabilidade, como cidadãos, como moçambicanos, construir esse futuro melhor.
Muito obrigado.
Manuel de Araújo
Professor Doutor
Cabeça de Lista da Renamo – Quelimane